Por que afano o meu país.

08 Nov 2013

O Brasil de hoje está doente; sofre de corrupção endêmica. De inversão de valores crônica.

Por que afano o meu país

Publicado em Terça, 05 Novembro 2013 20:34 / Escrito por Paulo Saab / www.diariodocomercio.com.br

 

O Brasil de hoje está doente; sofre de corrupção endêmica. De inversão de valores crônica.

Padece de falta de paradigmas e é bombardeado dia e noite pela propaganda oficial, apoiada pela mídia,  que se farta no banquete das verbas públicas, de que tudo vai às  mil maravilhas, quando a realidade nos hospitais, nas estradas, nas escolas, nas ruas, no serviço público, no desvio de verbas públicas, no favorecimento a amigos e financiadores, no poder público, é de arrepiar.

Tomou conta do País uma onda tacanha, medíocre, de assalto aos cofres públicos, um tsunami de tráfico de influência, de maracutaias engendradas no escuro da noite para à luz do dia sugar o erário em favor de quem está instalado em postos importantes e para   quadrilhas montadas para o autofavorecimento.

As autoridades escondem de forma criminosa, acobertada pelas chicanas espertas de advogados milionários a desserviço do País, os igualmente crimes cometidos por seus colaborares e ex, desviando da opinião pública o quão podre é seu ventre, a rótulo de segredo de justiça que só protege quem se dedica a assaltar e traficar influência nos escaninhos do poder.

A vida política nacional se transformou numa permanente campanha eleitora, em que  as necessárias políticas públicas foram substituídas pelas estratégias de marketing destinadas a angaria a simpatia popular e votos sem base de realidade, sustentada na propaganda, na enganação.

As pessoas de bem que começaram a se revoltar contra tudo isto e foram às ruas, pacificamente, em junho passado, foram deliberadamente afastadas por grupos violentos  que, sem identificação, prestam serviço aos que eram criticados, impedindo que as verdadeiras reivindicações e os  legítimos protestos se façam ouvir novamente.

Quem ousa contestar, criticar, é enxovalhado, acusado de qualquer coisa que possa desmerecer sua denúncia, desacreditar sua crítica.

O Brasil de hoje está doente, quando deveria a passos largos prosperar de forma concreta, eficiente, sustentada, com a melhoria da qualidade de vida de toda sua população, sem eufemismos, meias-verdades, fomento à luta de classe, à divisão de raças.

O Brasil de hoje vive sob uma ditadura eficiente.

A ditadura das minorias,  que assumiram o controle do poder público, da mídia, dos movimentos sociais,  e encurralaram a verdadeira classe média, a que sustenta tudo isso com seu trabalho, naquilo que Rui Barbosa chamou de "vergonha de ser honesto".

Há mais de cem anos o Conde de Afonso Celso escreveu Porque me Ufano de Meu País. Dedicado aos filhos do autor, visava neles estimular um ilimitado amor à pátria, conforme os argumentos por ele sustentados.

Hoje, o povo brasileiro, sem rumo e sem projeto, na traseira dos planos de poder de quem o domina, afana literalmente o seu País, na medida em que o exemplo vem de cima e cada um se sente no direito de também buscar sua vantagem pessoal.

Todos espoliam, onde, quando e como podem, o patrimônio que deveria ser comum à todos. Desde a doméstica que pede para não ser registrada para não perder a bolsa esmola, ao empresário que se farta nas tetas das obras do governo,  dos banqueiros com os juros dos bancos, passando pelos graduados funcionários que solapam sua missão em troca de favores baratos e dinheiro alto, incluindo a turma da sonegação, do salão de beleza ao restaurante fino, todos, buscam afanar o seu país.

O Brasil está doente porque não tem lideranças sadias. Não tem oposição consistente e comprometida em ser oposição. Não tem nada que não seja, na base do salve-se quem puder, a busca do dinheiro fácil, da fama imediata, do enriquecimento ilícito, da fortuna a qualquer preço.

O Brasil é um país doente, contaminado, que se tornou preguiçoso, indolente, à espera de que alguns messias mentirosos venham salvá-lo, enquanto salvam apenas a si mesmos. E nunca mudarão, se o próprio povo não se levantar e, nas urnas, parar de eleger quem só ministra remédios errados ao país. Como a massa não sabe, não vê?

Deus nos acuda.

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